sábado, 21 de julho de 2012


Mergulhar na matéria
(dualizando essência e aparência)
para emergir,
sobre a tirania do provisório
em atrofia do espírito.

Ao soerguerem-se as barricadas do desprezo,
tornamo-nos gêmeos do Caim,
e de todo seu ressentimento,
sob incurável nostalgia do Paraíso.

(Poema de Celso Vegro - dez/onze)


Foto: Orion Deep - Andreo 960 - Nasa

Retrato

Soterrado ao sol.
Raízes brotam do pó
No vazio da forma.
Num cilindro se molda
O breve instante da morte.

Morada do Sol
Retrato escavado à mão
Foice vértebra.

(Poema de Maria Fátima)

Foto: Christian Dimitrius














Flores mastigam asfalto
e cospem pegadas sujas,
entrecortadas,
pela borda do lago estagnado,
morada do buraco-polvo.


Poeira sepulta bananeira,
estéril,
encetada em leito seco,
aplanado,
próximo ao vale
originário de outro ser.

(Poema de Celso Vegro - abr./doze)


domingo, 15 de julho de 2012

Sanduiídiche

Pão indo-europeu não-fermentado
Ou azimia à germânica base
D’água e farinha d’alto
Altíssimo-alemão médio
E idiomática assadura

Contém glótica se não glúten?

Tão semíticas quanto defumadas
As fatias de hebraico e de aramaico
Temperos dialetais e
Bem talhadas até cirílicas
As rodelas d’eslavo em conserva

(Poema de Fabrício Slaviero)

Em Tempo - Desejo Expresso
















não nado nada ignora em contexto
grafa com voz de adulto letrado
posicionando-se no tempo
posiciona-se para não
 vir a termo em teia de conflitos
prisioneiro em cápsula protrátil
opta por permanecer no estado
chutando horas para além do tempo
mapeia aquilo que posto a termo
                                                 tarda.

(Poema de Maria Alice de Vasconcelos - São Paulo, 06/2012)

Foto:Christian Richter