A serpente. Sem o que dispo o corpo negro à parte disto: quente, e, no entanto negues, és.
Que dissestes abrir uma clareira.
Um curumim de fogo ateia fogo e abre uma clareira, para a ave que se possa à morte ser comida. Pois é de fogo a sorte a dar conta desta trama, parte lama, parte contagem ou coragem de povos à lama, de pele branca a anca e íris-lama.
Então serpente: convívio.
Convido para o charco. Estou perto e atento muito ao membro fraco. Ao membro conjugado ao corpo da ave murcha. E leio a mesma carne, a coxa, que frouxa de forcejos tanto; que vista ao rasgo azul traçado àquele manto santo, adoraria. Mas que de adorada assume ainda o lugar inverso.
Pois é desejo o charco em que estás imerso.
Em que encontro a ti o teu pescoço quente; em que, no entanto negues, abro a ferro uma clareira tua nuca, parte nunca, parte parte disto. Que não há fogo que se me recuse empréstimo ao lacerado ouvido. E em abrir por sobre as costas mais de uma gaiola, e em fazer entrar ali a tal serpente, como a erguer o novo decreto de teu grito, és ave, que se possa à morte ser comida.
Poema em prosa de Caio Graco Maia