um sonho num
corpo
nu que se
contorce
à beira do
abismo
a besta
invisível
só mão e
chicote
escarna-me o
corpo
visão quase
lógica
em mão e
chicote
da beira e
do alívio
na besta do
abismo
que não se
contorce
meu corpo
que rola
nu em
desespero
caindo em
mim mesmo
me vendo
cair
do fundo do
abismo
e me
desespero
no fundo em
mim mesmo
caindo em
sorrisos
da besta do
alívio
me vendo me
ver
caindo no
eterno
caindo do
inferno
caindo no
inferno
(Poema de Luiz Ariston)
O manto da noite
É um peixe solúvel,
Um chicotear
Da madrugada
Arde e explode
Com o sereno da manhã.
(Poema de Dora Dimolitsas)
Foto: Marcela C. Gallic
folhas de amianto
sobre o teto
da velha construção
objeto do reparo
imediato
foco na estrutura
fora de forma
e avariada
análise do conteúdo
amplia a reforma
ponteiro e talhadeira
descaracterizam arcos
impõem às colunas
linha angular
rearranjo e substituição
dos componentes
imprimem ao espaço
design moderno
detalhe por detalhe
navalha no nervo
gozo ímpar
pelo estilo da forma
face com novo ângulo
templo contemporâneo
em papel permeável
(Poema de Maria Alice de Vasconcelos)
S. Paulo, 06/2012
O tempo furta o tempo
E nas Ba da la das das horas
As chamas inquietam-se
Nas cinzas,
Percorre a ponte,
Onde fica o poente
Atravessa ligeiro
O limiar fugaz
Sorrateiro e sem cheiro
Um tirando de cansado.
(Poema de Dora Dimolitsas)
sonho
macabro
serpente em
parapeito
janela abro
escamas no
cimento
(Poema de Luiz Ariston)
Livro aberto é um infante
Um pássaro de fogo
Rasga o espaço
Busca novas fontes,
Tinge o papel
Risca e sangra.
A linguagem é alma tatuada.
(Poema de Dora Dimolitsas)