RITMO DA AUSÊNCIA
Verdes janelas saltam horizontes
arejando o abstrato
com planos jazzísticos.
Feixes de sons
se entrelaçam
na luz branca
repercutida de faces.
A mente em tumulto,
caminho no ritmo
das cores ausentes
para relaxar a dor.
(Poema de Marcela Cividanes)
* * *
SEM TÍTULO
I
Ele é um homem
que arrasta os dedos
nos bolsos
Guarda violinos
nas costas
Perfura subterrâneos
de desordem
Descansa em casas
vazias
Constrói vitrais
no mar
Oferece minuetos
aos pés
Percorre a via férrea
da velhice
E jura a vida
diante da rocha.
II
Circularmente
as lâminas resvalam o maxilar
Há dias carcomidos
em que o esqueleto
não suporta o mais leve
sobressalto
Há dias
em que o sol é uma úlcera
cerrando os olhos
E o abismo um feixe
de âmbar e sal
É o homem
que apunhala as raízes
dos cadáveres
Não há retorno
Você
Fratura o percurso ígneo
da noite taciturna de braços em riste.
Recriando
os oceanos dos cabelos dos loucos.
(Poema de Ariane)
* * *
METAMORFOSE MODERNA
Estou à deriva. Mediocridade é a bóia que me mantém nivelada com o correto. Uma bússola maniqueísta. O conforto deu-me olhar de boneca: deito – fecho; levanto-abro. Meus pés derreteram. Estou presa, fundidaolátex. Inflada de pesados conceitos. De carne e fundo são feitos os espelhos que flutuam à minha volta. Um alívio estar entre meus semelhantes. Produtos de uma linha industrial. Tenho umbigo na alma, foi lá que injetaram suas imagens de perfeição.
(Poema de Bárbara do Amaral)
* * *
Rum. Nenhuma idéia. Nenhuma nota de rodapé. Almejava a criatividade ácida dos cristáceos. Do-Ré-Mi-Fantasias robóticas. O narrador se foi. “É você o próximo?” Redacionava o mal-me-querubim maldito de sorriso dobrado. Luz, câmara, “ação Benedito que me acuda!”. Status-quociente azul. Será afinal que
quem
cala
con-
sente
sorte?
(Poema de Priscila Gusmão)
* * *
Verdes janelas saltam horizontes
arejando o abstrato
com planos jazzísticos.
Feixes de sons
se entrelaçam
na luz branca
repercutida de faces.
A mente em tumulto,
caminho no ritmo
das cores ausentes
para relaxar a dor.
(Poema de Marcela Cividanes)
* * *
SEM TÍTULO
I
Ele é um homem
que arrasta os dedos
nos bolsos
Guarda violinos
nas costas
Perfura subterrâneos
de desordem
Descansa em casas
vazias
Constrói vitrais
no mar
Oferece minuetos
aos pés
Percorre a via férrea
da velhice
E jura a vida
diante da rocha.
II
Circularmente
as lâminas resvalam o maxilar
Há dias carcomidos
em que o esqueleto
não suporta o mais leve
sobressalto
Há dias
em que o sol é uma úlcera
cerrando os olhos
E o abismo um feixe
de âmbar e sal
É o homem
que apunhala as raízes
dos cadáveres
Não há retorno
Você
Fratura o percurso ígneo
da noite taciturna de braços em riste.
Recriando
os oceanos dos cabelos dos loucos.
(Poema de Ariane)
* * *
METAMORFOSE MODERNA
Estou à deriva. Mediocridade é a bóia que me mantém nivelada com o correto. Uma bússola maniqueísta. O conforto deu-me olhar de boneca: deito – fecho; levanto-abro. Meus pés derreteram. Estou presa, fundidaolátex. Inflada de pesados conceitos. De carne e fundo são feitos os espelhos que flutuam à minha volta. Um alívio estar entre meus semelhantes. Produtos de uma linha industrial. Tenho umbigo na alma, foi lá que injetaram suas imagens de perfeição.
(Poema de Bárbara do Amaral)
* * *
Rum. Nenhuma idéia. Nenhuma nota de rodapé. Almejava a criatividade ácida dos cristáceos. Do-Ré-Mi-Fantasias robóticas. O narrador se foi. “É você o próximo?” Redacionava o mal-me-querubim maldito de sorriso dobrado. Luz, câmara, “ação Benedito que me acuda!”. Status-quociente azul. Será afinal que
quem
cala
con-
sente
sorte?
(Poema de Priscila Gusmão)
* * *
ONÍRICO
Ondas entigrecidas
Na maré montante
Dragões conduzem
Encavalados
A estraçalhar estrelas
E transformá-las
Nas franjas irregulares
Do mar de erínias,
A acordar medusas
Escatológicas,
E anêmonas cristalizadas,
E seres abissais
Em bramidos vãos,
Clivagens de ondinas.
Das paisagens profundas.
E gemidos de sereias
Metamores protelados.
Emerge Calipso,
Vestida de diamantes
Sedutora de Tritão,
Raptor de mulheres.
(Poema de Dóli de Castro Ferreira)
Ondas entigrecidas
Na maré montante
Dragões conduzem
Encavalados
A estraçalhar estrelas
E transformá-las
Nas franjas irregulares
Do mar de erínias,
A acordar medusas
Escatológicas,
E anêmonas cristalizadas,
E seres abissais
Em bramidos vãos,
Clivagens de ondinas.
Das paisagens profundas.
E gemidos de sereias
Metamores protelados.
Emerge Calipso,
Vestida de diamantes
Sedutora de Tritão,
Raptor de mulheres.
(Poema de Dóli de Castro Ferreira)
SEM NOME
cometa de muda incandescência, sou um risco obscuro dentro da noite. nos lugares onde brilhei, os nomes recebidos no instante de minha aparição, não quer dizer senão que não me viram.
* * *
a dor pedia líquido à carne, mas seca, ela só pôde oferecer areia àquela que tinha sede.
* * *
a mulher olha a chuva como quem fosse. cada gota era uma dor molhada da sua carne. como quem ela anda anda. passos incertos. pisa em chãos que abismam passos. sua pele some na carne. ela entra em si a cada passo.
(caminhos do dentro)
o escuro a acalanta e pergunta por quê triste — em escuro a resposta:
“se o que nos origina nos é carne, qual é a origem de uma carne que só se sabe dentro de um centro que não pele?”
o escuro a envolve ainda mais. a carne como a chuva se faz gotas que a carrega.
(Poemas do Diogo)
Muito, muito bons!
ResponderExcluir