domingo, 16 de dezembro de 2012
Nítido
Erógeno
Fosforescência tátil
Curvas que queimam
Anelo dolente
Dá a sentir
Vertigem dionisíaca
Traz à tona
Àgua vulcânica
Pulsante
Caminho trêmulo
(...) Libérrimo e vital
(Poema de Shirleide Valença de Lima)
Eco
Diário lacrado
Mundo outro
Abismo estelar
Oculta-se a voz
De estrondo furtivo
Morada
Do indelével
(Poema de Shirleide Valença de Lima)
Foto - crédito: Nasa
sábado, 15 de dezembro de 2012
Posso, ainda que não queira
com um martelo cabo de cabriúva
pregar fendidos ou estrelados
e em bitolas quaisquer
os parafusos
O que são estes afinal
se não pregos com fenda e
com sulco em espiral?
Mas não
posso, ainda quando queira
com uma chave de fenda cabo acrílico
parafusar acéfalos ou cabeçudos
e em quaisquer bitolas
os pregos
Afinal o que são estes
se não parafusos sem sulco, e
espero não se ofendam,
sem fenda?
(Poema de Fabrício Slaviero)
sábado, 21 de julho de 2012
Mergulhar na matéria
(dualizando essência e aparência)
para emergir,
sobre a tirania do provisório
em atrofia do espírito.
Ao soerguerem-se as barricadas do
desprezo,
tornamo-nos gêmeos do Caim,
e de todo seu ressentimento,
sob incurável nostalgia do Paraíso.
(Poema de Celso Vegro - dez/onze)
Foto: Orion Deep - Andreo 960 - Nasa
Foto: Orion Deep - Andreo 960 - Nasa
Retrato
Raízes brotam do pó
No vazio da forma.
Num cilindro se molda
O breve instante da morte.
Morada do Sol
Retrato escavado à mão
Foice vértebra.
(Poema de Maria Fátima)
Foto: Christian Dimitrius
domingo, 15 de julho de 2012
Sanduiídiche
Pão indo-europeu
não-fermentado
Ou azimia à germânica base
D’água e farinha d’alto
Altíssimo-alemão médio
E idiomática assadura
Contém glótica se não
glúten?
Tão semíticas quanto
defumadas
As fatias de hebraico e de
aramaico
Temperos dialetais e
Bem talhadas até cirílicas
As rodelas d’eslavo em
conserva
(Poema de Fabrício Slaviero)
Em Tempo - Desejo Expresso
não
nado nada ignora em contexto
grafa
com voz de adulto letrado
posicionando-se
no tempo
posiciona-se
para não
vir a termo em teia de conflitos
prisioneiro
em cápsula protrátil
opta
por permanecer no estado
chutando
horas para além do tempo
mapeia
aquilo que posto a termo
tarda.
(Poema de Maria
Alice de Vasconcelos - São Paulo, 06/2012)
Foto:Christian Richter
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Poemas Ensimesmados
olho por olho
negrume do meio dia
ensimesmado
não detém o tempo
pavimento incrustado de
crânios sisudos
olho por olho
passante pensante e desatento
pisoteia a paisagem
que se renova
verso e reverso
de várias moedas
estampadas no cosmo
corpo em rotação
quartel de pensamentos
ensimesmado
não se atém ao tempo
articula ideias:
-palavras-pétala
prenhes de lirismo
vida e matiz
nas alamedas do ego
-palavras-pedra
embalam ventre mamute
lavram dentes na escritura
abstração – matéria –
abstração
eixo do universo rotatório
das ideias
painel circular de espelhos
ensimesmado
não paralisa o tempo
projeta imagens múltiplas
carro alegórico das ideias
ovulando fractais de oroboro
ovo a ovo
mantém o giro reflexo
fluxo contínuo de corpo e
mente
alimentando o cosmo
ficção – ciência – ficção
domingo, 17 de junho de 2012
Gatal K7
“[...] El doble, el ka, [...] lo positivo y
lo negativo de la energía eléctrica.
Gato viene de Ka, el animal más magnético
[...]”
(Lezama
Lima “Paradiso”)
gatal K7 (Katinas/Septyni)
ou as Sete Fitas
do — plástica Pelagem? —
magnetinis Felino:
um
Bichano estereofônico
que tem “reproduzida” a
sua dissonante Castração
em independentes Septyni
(septyni) Kanalai;
por
uma autônoma Heptafonia
a sua ruidosa Esterilidade?
(Poema de Fabrício Slaviero)
Foto: Ojo Magnético de Chico del siglo XXI
Foto: Ojo Magnético de Chico del siglo XXI
sábado, 16 de junho de 2012
Rodellar
Na travessia dos anjos
O vale desponta imaginário
Onde murmuram colinas
Delatoras da paz de suas arestas
Insano santuário pulsante
Irrompe veias, extenua poros
Bradando som de rochas
Intempéries do olhar
Desmarginando memórias
(Poema e foto de Marcela Cividanes Gallic)
Cálculo
Circunferência
E um ponto
Tridimensional
Excitado
No centro
Deste círculo.
Ambos contidos
No interior
De linhas
Curvilíneas
Do volume
Sob a carne
Na medida em que
A menor distância
Entre dois pontos
É a reta
Que é a ponte
Entre dois pontos
Da área erógena
Definida
Em que o sexo
É o X
Do cálculo
Centrípeto
Da língua
(Poema de Charles Gentil)
Sinistra de ocupações
Comedores
de caranguejos
tatuam
com memória da lama.
Encantadores de víboras,
toleram
oculto senso de horror.
Adestradores de elefantes,
rivalizam
pela potência das trombas.
Ensaiadores de golfinhos,
induzem
derruídas precipitações.
Mineradores da autenticidade,
ossificam
ressonâncias de vidas passadas.
(Poema de Celso Vegro)
Foto: Cristian Dimitrius
tatuam
com memória da lama.
Encantadores de víboras,
toleram
oculto senso de horror.
Adestradores de elefantes,
rivalizam
pela potência das trombas.
Ensaiadores de golfinhos,
induzem
derruídas precipitações.
Mineradores da autenticidade,
ossificam
ressonâncias de vidas passadas.
(Poema de Celso Vegro)
Foto: Cristian Dimitrius
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