domingo, 17 de março de 2013

Cala Gonone






















I- rastro à deriva
navega nos ventos
do mediterrâneo e calcário

II- verde azul clareia
epiderme, fios, escama

III- falésias rasgam oceano
salgando o tempo
de gosto SARDO

IV- brusco impulso na pedra matéria
de textura imprecisa
dessemelhante curvatura

V- dedos perfuram faces
epidérmica corrosão
onde farelos de magnésio pintam movimentos

VI- músculos tencionam na ferocidade da fratura
delineando o caminho técnico-lírico-dramático

VII- o flagelo é êxtase nos ossos da nuca,
no antebraço, nas entranhas

VIII- entre resvalos, fendas, arestas,
a música mais intensa é o corpo

IX- aderido em forma de granito, calcário ou solidificação de magma
tornando-se ROCHA

X- e de cima, no cume, cheiros se misturam, o sol ofusca
o invisível se imagina e o silêncio cura.  

(Poema e foto de Marcela Cividanes Gallic)

2 comentários:

  1. Prezada Marcela
    Belo poema...lindas imagens e combinações inusitadas. Quem já escalou sente um flagelo na nuca.
    Abçs
    Celso Vegro

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