Ao ritmo do vento
as árvores dançam
espalham sementes
Sol queimando
e o vento esfria
os pensamentos
O Lago verde
reflete a garça
engolindo peixe
Ao meio dia, juntos
a sombra e o corpo
se unem bem justos
A via Láctea
pisca na escuridão
aqui, pingos no chão
As sombras
escondem as caras
de sapos e rãs
A meia noite meia
nada, nada faz ruídos
nem moscas nem grilos
(Haicais de Carlos Bueno)
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXXI)
FLORA
Dono e cão
dorso
peito
pelos
cabeça com dentes afiados
fome e sede.
O olho do bicho aflora na alma um silêncio profundo,
do algo além
centro do húmus
sujo limpo.
Feridas recompus.
(Poema de Cristina Mira)
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXX)
Uma
O jardim a dois metros do chão
Ele, largo de ar
Água morta
Uma
A comichão de estrelas
Afirmam que não
Anafilático
Uma
O sol cacto
Próprios desconcertantes
Iridescentes planos
Uma
De sórdida borboleta
Lembremos
Afirmam que não
(Poema de Luiz Ariston)
CERRADO
Migra a gramínia
de um lado
a outro,
trepida
besouro
no arado;
tateia secura
em tapete
de palha,
encerra
sempre-viva;
migra
fogo-apagou
altaneiro.
Mira cultura,
terra de oceano
branco
rateia vida
degradada,
migra
mimoso
pepalanto
em fartura
braquiária;
não o solo pobre
mas (cobre)
cerrado
em pasto.
CHÃO DE ESTRELAS
Em lençol de ondas
do lago sem vento;
de seres albinos, bagres cegos,
arfando e farejando guano.
Em recife diamantino
flor dentro da bolha;
de cristal em espiral
jardim de aragonita.
Em labirinto de coral,
circula a gruta e trilha a pista
do”Jardineiro Artista”
carona em fio de Ariadne,
visão da Coroa Boreal.
Lio, liame de estrelas brilhantes,
turbilhão de ungüentos ventos,
feixe astral que une e envia
um sopro glacial
no rosto do viajante.
(Poemas de Célia Abila)
FOGO
O fogo não queima de maneira uniforme. Ser desigual é da sua essência. Antes as pregas das coisas, a carne da madeira, seu suco, que ferve de prazer.
Chamas cegam. Xamãs dos templos de um outro fogo no qual arderei, pelo pouco que ardi, nesta vida sensata.
Faço fogo. Faço fé na vida, em seus chamados, no calor das vergonhas, porque é lá, no inferno, que ela queima impura, infiel, inadequada.
Ateio fogo às minhas vestes. Só assim herdarei o reino dos meus. Queimando aqui e agora, de amor e de culpas, lhe asseguro: o azul dos céus pertence aos pássaros e aos desencarnados. Já reparou como os homens descem rápido das alturas? Pesa neles o peso das coisas que devem arder.
Os homens nasceram para queimar, lenta e gradualmente, pelas suas próprias pregas e prendas, conforme suas carnes requeiram. Deus não nos quer elevados como anjos.
Tudo a seu tempo. Não queimo etapas. Queimo-me primeiro.
(Poema de Sandro Capestrani)
Aço Duro é fechar
a Cromada Matraca
da Fechadura Bico-
de-Psitáceo que {sim!}
Fala pelas Maçanetas
***
Agrale Amarelo-Gualdo [Gralha
à Diesel pra meia-Dúzia
de Toneladas] por um
Tiriricado Tipo “sem Tirar
nem Por” (Cabeleira
Pra Lá — ou pra cá — de amarela
clara sob claro
Chapéu de Palha) é Chofereado
(Poemas de Fabrício Slaviero)
à Diesel pra meia-Dúzia
de Toneladas] por um
Tiriricado Tipo “sem Tirar
nem Por” (Cabeleira
Pra Lá — ou pra cá — de amarela
clara sob claro
Chapéu de Palha) é Chofereado
(Poemas de Fabrício Slaviero)
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXIX)
Porta d'Entrada com Pseudo-
Brasão em Pau-
{Marcenaria Heráldica}
Brasil com (em cuja
Colonial Aldraba de Bronze
bato para Palmas
e mesmo Pau-
d'Arco não bater
(Poema de Fabrício Slaviero)
Brasão em Pau-
{Marcenaria Heráldica}
Brasil com (em cuja
Colonial Aldraba de Bronze
bato para Palmas
e mesmo Pau-
d'Arco não bater
(Poema de Fabrício Slaviero)
terça-feira, 26 de outubro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXVIII)
CROSTA
Pedras sem valor
tremeluzem.
Das cantarias catedráticas
ecoam sons cavos,
desferidos
pelas precipitadas picaretadas
que as exumaram.
TECIDO
Corvos serpenteiam
por entre toalhas.
E se fossem répteis
siameses,
sobre lençóis
seus rastros,
formariam mosaicos.
* * *
Lagartas líquidas
escorregam pelo tronco
fumarento,
da Tipuana debruçada
sobre a larga avenida,
naufragada em veículos.
* * *
Sarabanda de muros,
refrega rebocos e caiações.
Já os oiteiros,
seus sentinelas,
não atentam
ao tamanquear desses paredões.
(Poemas de Celso Vegro)
Pedras sem valor
tremeluzem.
Das cantarias catedráticas
ecoam sons cavos,
desferidos
pelas precipitadas picaretadas
que as exumaram.
TECIDO
Corvos serpenteiam
por entre toalhas.
E se fossem répteis
siameses,
sobre lençóis
seus rastros,
formariam mosaicos.
* * *
Lagartas líquidas
escorregam pelo tronco
fumarento,
da Tipuana debruçada
sobre a larga avenida,
naufragada em veículos.
* * *
Sarabanda de muros,
refrega rebocos e caiações.
Já os oiteiros,
seus sentinelas,
não atentam
ao tamanquear desses paredões.
(Poemas de Celso Vegro)
domingo, 24 de outubro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXVII)
Monologo
Cortejo de Baco
OH! Divino Baco,
as Ninfas se preparam para o cortejo da vossa festa,
estarão presentes todas as bacantes.
uvas em cascatas, e néctar trasbordará da ânfora,
e escorrerá para tua boca divinal.
sol, terra,heras trepadeiras, para o vosso
divino deleite,
deuses e mortais brindam,
e no monte Olimpo, o arrebol sobre as planície,
marturia as purificações sagradas a Cibele,
Evoé,Evoé
Divino Baco, os deuses estão ávidos pelo necta sensual
Até o orgasmo da sagração,que jorrará a seiva da vida,
transcendendo a eternidade
na renovação fecunda.
(Poema de Doroty Dimolitsas)
Fim
domingo, 17 de outubro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXVI)
BRISURAS DA CIVILIZAÇÃO
Há um campo de símbolo
de um rubro tecido
que urdido em trama
revive os dias idos,
rutura e juntura,
acrescido de estilo.
Há um campo onde o lema
é lisonja e bravura,
e no emblema é o tema
do cortejo em flanco:
leão, cruz, águia e flor-de-lis
são crivo do clã
de estampa em matiz.
Há um campo de timbre
em cota de malha;
vida e morte
da brisura em marcha;
logotipo coletivo
na linha do tempo,
Coca - Cola
é grifo em grife.
(Poema de Maria Celia Abila)
MATIZES
O espectro solar das cores,
somado à lingotes de ouro:
derretido,
mais o conjunto das pedrarias:
liquefeitas,
não alcançam uma centelha
dos multivariados tons
que o manto da fantasia,
lança em profusão de letras.
(Poema de Celso Vegro)
Há um campo de símbolo
de um rubro tecido
que urdido em trama
revive os dias idos,
rutura e juntura,
acrescido de estilo.
Há um campo onde o lema
é lisonja e bravura,
e no emblema é o tema
do cortejo em flanco:
leão, cruz, águia e flor-de-lis
são crivo do clã
de estampa em matiz.
Há um campo de timbre
em cota de malha;
vida e morte
da brisura em marcha;
logotipo coletivo
na linha do tempo,
Coca - Cola
é grifo em grife.
(Poema de Maria Celia Abila)
MATIZES
O espectro solar das cores,
somado à lingotes de ouro:
derretido,
mais o conjunto das pedrarias:
liquefeitas,
não alcançam uma centelha
dos multivariados tons
que o manto da fantasia,
lança em profusão de letras.
(Poema de Celso Vegro)
domingo, 26 de setembro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXV)
1/2m
de meia-cana de
Canafrista
para semi-
(em 180 graus?)
circularmente os
Sons [à Cumaru-
Ferro já forrados]
do seu Sprech
Gesang [Canto
Falado] (quanto às
alturas durações
intensidades
und timbres) e-
moldurar
(Poema de Fabrício Slaviero)
de meia-cana de
Canafrista
para semi-
(em 180 graus?)
circularmente os
Sons [à Cumaru-
Ferro já forrados]
do seu Sprech
Gesang [Canto
Falado] (quanto às
alturas durações
intensidades
und timbres) e-
moldurar
(Poema de Fabrício Slaviero)
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXIV)
THE SOUL KEEPER
No vórtice
varrendo as horas
do fundo do poço
um abismo sem dono
disfarça o escuro,
descasca dos muros
os musgos
que crescem ao roer da alma.
A dor disseca profunda,
bisturi de pulsantes vertigens.
O amor:
estende-se, (entende-se)
aprende-se (enlaça)
vasculha e decepa
o fundo do oco bolor.
A mão que erige, molda
a vida
a argila
a pulsar
subterrânea
(no fundo vazio dos vórtices da alma).
(Poema de Francesca Cricelli)
No vórtice
varrendo as horas
do fundo do poço
um abismo sem dono
disfarça o escuro,
descasca dos muros
os musgos
que crescem ao roer da alma.
A dor disseca profunda,
bisturi de pulsantes vertigens.
O amor:
estende-se, (entende-se)
aprende-se (enlaça)
vasculha e decepa
o fundo do oco bolor.
A mão que erige, molda
a vida
a argila
a pulsar
subterrânea
(no fundo vazio dos vórtices da alma).
(Poema de Francesca Cricelli)
terça-feira, 14 de setembro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXIII)
GOLPES DE CRIS
espectro do fogo marcando o foco
foco em tempo a vida esconsa de escombros
temo o fardo, farto e fraco de dores
cavo mudo o foco a golpes de cris
escavo os porões do sepulcro branco
ruído acuado pesa sobre meus ombros
no peito a veia cava não se estanca
carne, pele e pelo a golpes de cris
desloco-me arco no vácuo sem trégua
bato na cava de porta entreaberta
meu carma cardo alcança o licor travo
abro gole e gole a golpes de cris
acordo num cavo acorde de cravo
vibrando no aroma da cava, e cauto
creio, que a vida só curva-se à cova
corto o cardo a curtos golpes de cris.
(Poema de Maria Alice de Vasconcelos)
espectro do fogo marcando o foco
foco em tempo a vida esconsa de escombros
temo o fardo, farto e fraco de dores
cavo mudo o foco a golpes de cris
escavo os porões do sepulcro branco
ruído acuado pesa sobre meus ombros
no peito a veia cava não se estanca
carne, pele e pelo a golpes de cris
desloco-me arco no vácuo sem trégua
bato na cava de porta entreaberta
meu carma cardo alcança o licor travo
abro gole e gole a golpes de cris
acordo num cavo acorde de cravo
vibrando no aroma da cava, e cauto
creio, que a vida só curva-se à cova
corto o cardo a curtos golpes de cris.
(Poema de Maria Alice de Vasconcelos)
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXII)
SEM MEDIDA
O quanto isto dista
daquilo lá?
A distância da ânsia
do esperar.
O longe é perto quando é certo
o destino.
Mas perto demora na hora
do desatino.
Não é a escala que fala
a dimensão,
nem o metro dá ao certo
a medida.
É o que se sente de repente
na paixão,
e que se mede na lágrima
vertida...
CÉSAR VENEZIANI
O quanto isto dista
daquilo lá?
A distância da ânsia
do esperar.
O longe é perto quando é certo
o destino.
Mas perto demora na hora
do desatino.
Não é a escala que fala
a dimensão,
nem o metro dá ao certo
a medida.
É o que se sente de repente
na paixão,
e que se mede na lágrima
vertida...
CÉSAR VENEZIANI
domingo, 12 de setembro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XXI)
YÈYÉ OMO EJÁ
Yèyé Soba jimí
acorda-me no sono das profundezas tuas
com teus cabelos azuis de céu
com tua pele crespa de sal
com teus mundos náufragos
teu rigor líquido
e a justeza oscilante tão tua
Yèyé Iya Masemale jimí
acorda-me em tua geoconformidade pluri-ventral
com teu perfume de origem
exalando segredo antigo
com teus mil umbigos de imagens planetárias
ìdódò e os úteros de Gaia
linguagens impossíveis dos mundos teus
Yèyé Iyemoyo jimí
acorda-me no centro múltiplo do teu corpo galáctico
em teus braços con(fins) gelados infinitos
com a grafia-hidro-errática tua
a descrever ondas graves na voz de Netuno
Yèyé Akurá jimí
acorda-me com teus cemitérios flutuantes
teus mistérios impenetráveis de água turva
e a imensa vulva de algas avessas
do teu lodo cristalino
Yèyé Maleleo jimí
e ejá e irun e dígí jimí
acorda-me com tua música revolta e calma
e o sal azul nas veias largas
das memórias correntes livres
nas brânquias horas dos tempos teus
com tuas guelras em cavalos
e dentes marinhos
Yèyé Oyo jimí
e ilú e òkun e ohùn jimí
acorda-me na placenta impaciente
ao som do adjá o baú de Oxossi
reflexo sideral da tua sede impossível
Yèyé omo ejá : mãe cujos filhos são peixes
Jimi: acorda-me
Eja: peixe
Ìdódò: umbigo
Cabelo: irun
Ìlù: tambor
Dígí: espelho
Òkun: mar
Ohùn: voz
SÍLVIA NOGUEIRA
Yèyé Soba jimí
acorda-me no sono das profundezas tuas
com teus cabelos azuis de céu
com tua pele crespa de sal
com teus mundos náufragos
teu rigor líquido
e a justeza oscilante tão tua
Yèyé Iya Masemale jimí
acorda-me em tua geoconformidade pluri-ventral
com teu perfume de origem
exalando segredo antigo
com teus mil umbigos de imagens planetárias
ìdódò e os úteros de Gaia
linguagens impossíveis dos mundos teus
Yèyé Iyemoyo jimí
acorda-me no centro múltiplo do teu corpo galáctico
em teus braços con(fins) gelados infinitos
com a grafia-hidro-errática tua
a descrever ondas graves na voz de Netuno
Yèyé Akurá jimí
acorda-me com teus cemitérios flutuantes
teus mistérios impenetráveis de água turva
e a imensa vulva de algas avessas
do teu lodo cristalino
Yèyé Maleleo jimí
e ejá e irun e dígí jimí
acorda-me com tua música revolta e calma
e o sal azul nas veias largas
das memórias correntes livres
nas brânquias horas dos tempos teus
com tuas guelras em cavalos
e dentes marinhos
Yèyé Oyo jimí
e ilú e òkun e ohùn jimí
acorda-me na placenta impaciente
ao som do adjá o baú de Oxossi
reflexo sideral da tua sede impossível
Yèyé omo ejá : mãe cujos filhos são peixes
Jimi: acorda-me
Eja: peixe
Ìdódò: umbigo
Cabelo: irun
Ìlù: tambor
Dígí: espelho
Òkun: mar
Ohùn: voz
SÍLVIA NOGUEIRA
SARAU DO LABORATÓRIO (XX)
Detrás
de toda a densidade
de seu peso e profundidade
há algo sempre a fluir,
vago e vagaroso
esquecido de seu tempo
amoldado em forma e jeito
num eterno inexistir.
CELSO VEGRO
Nuvens suspensas
Entrecorte de raios
Secas, as folhas
Dançam disformes
Caem e repousam
Na boca úmida do chão
MARCELA CIVIDANES
de toda a densidade
de seu peso e profundidade
há algo sempre a fluir,
vago e vagaroso
esquecido de seu tempo
amoldado em forma e jeito
num eterno inexistir.
CELSO VEGRO
Nuvens suspensas
Entrecorte de raios
Secas, as folhas
Dançam disformes
Caem e repousam
Na boca úmida do chão
MARCELA CIVIDANES
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
BIBLIOGRAFIA GERAL DO CURSO
CAMPOS, Augusto de. Verso Reverso Controverso. São Paulo, ed. Perspectiva, 1978.
CAMPOS, Geir. Pequeno dicionário de arte poética. São Paulo, ed. Cultrix, 1978.
MAIAKOVSKI, Vladimir. Como escrever versos?, In A Poética de Maiakovski. São Paulo, ed. Perspectiva, coleção Debates, 1971.
PAZ, Octavio. Signos em rotação. São Paulo: Perspectiva, 1996 (ensaio Stéphane Mallarmé: o soneto em ix).
PIGNATARI, Décio. Comunicação Poética. São Paulo, Editora Morais, 1981.
POE, Edgar Allan. Filosofia da Composição, in Ficção completa, poesia e ensaios. São Paulo, ed. Nova Aguilar, 1986
POUND, Ezra. ABC da Literatura. São Paulo, ed. Cultrix, 1978
POUND, Ezra. Arte da Poesia. São Paulo, ed. Cultrix, 1995
WILSON, Edmund. O Castelo de Axel. São Paulo, ed. Cultrix, 1993
CAMPOS, Geir. Pequeno dicionário de arte poética. São Paulo, ed. Cultrix, 1978.
MAIAKOVSKI, Vladimir. Como escrever versos?, In A Poética de Maiakovski. São Paulo, ed. Perspectiva, coleção Debates, 1971.
PAZ, Octavio. Signos em rotação. São Paulo: Perspectiva, 1996 (ensaio Stéphane Mallarmé: o soneto em ix).
PIGNATARI, Décio. Comunicação Poética. São Paulo, Editora Morais, 1981.
POE, Edgar Allan. Filosofia da Composição, in Ficção completa, poesia e ensaios. São Paulo, ed. Nova Aguilar, 1986
POUND, Ezra. ABC da Literatura. São Paulo, ed. Cultrix, 1978
POUND, Ezra. Arte da Poesia. São Paulo, ed. Cultrix, 1995
WILSON, Edmund. O Castelo de Axel. São Paulo, ed. Cultrix, 1993
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
NOVOS CURSOS
Caros, vou ministrar oficinas de criação poética em seis bibliotecas públicas municipais, confiram os endereço e horários abaixo:
Setembro:
Biblioteca Camila Cerqueira César: às terças-feiras, das 14 às 16h, dias 14, 21, 28/09 e 05/10. Endereço: rua. Waldemar Sanches, 41, Butantã.
Biblioteca Nuto Sant’anna: quintas-feiras, das 14 às 16h, dias 09, 16, 23 e 30. Pça. Tenório Aguiar, 32, Santana.
Outubro:
Biblioteca Prestes Maia: sextas-feiras, das 14 às 16h, dias 08, 15, 22 e 29. Endereço: Av. João Dias, 822, Santo Amaro.
Biblioteca Lenyra Fraccaroli: segundas-feiras, das 14 às 16h, dias 04, 18, 25/10 e 08/11. Endereço: Praça. Haroldo Daltro, 451, Vila Manchester.
Novembro:
Biblioteca Thales Castanho de Andrade: terças-feiras, das 14 às 16h, dias 09, 16, 23 e 30. Endereço: rua Dr. Artur Fajardo, 447, Freguesia. do Ó.
Biblioteca Milton Santos: quintas-feiras, das 15 às 17h, dias 04, 11, 18 e 25/11. Endereço: Av. Aricanduva, 5777, Jardim Aricanduva.
Setembro:
Biblioteca Camila Cerqueira César: às terças-feiras, das 14 às 16h, dias 14, 21, 28/09 e 05/10. Endereço: rua. Waldemar Sanches, 41, Butantã.
Biblioteca Nuto Sant’anna: quintas-feiras, das 14 às 16h, dias 09, 16, 23 e 30. Pça. Tenório Aguiar, 32, Santana.
Outubro:
Biblioteca Prestes Maia: sextas-feiras, das 14 às 16h, dias 08, 15, 22 e 29. Endereço: Av. João Dias, 822, Santo Amaro.
Biblioteca Lenyra Fraccaroli: segundas-feiras, das 14 às 16h, dias 04, 18, 25/10 e 08/11. Endereço: Praça. Haroldo Daltro, 451, Vila Manchester.
Novembro:
Biblioteca Thales Castanho de Andrade: terças-feiras, das 14 às 16h, dias 09, 16, 23 e 30. Endereço: rua Dr. Artur Fajardo, 447, Freguesia. do Ó.
Biblioteca Milton Santos: quintas-feiras, das 15 às 17h, dias 04, 11, 18 e 25/11. Endereço: Av. Aricanduva, 5777, Jardim Aricanduva.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
UM POEMA DE MARIA CÉLIA ABILA
JÓIA NA FLOR-DE- LÓTUS
A pedra não tem medo
do sol que aquece e aflora,
águas dos rios na aurora
dos agrestes da Grécia.
A pedra não tem medo
da estrela azul que aponta,
que a noite é de caça aos
centauros em Tessália;
de Lápitas em lápides.
A pedra não tem medo
da lua cheia que ascende,
laços de ossos que prendem
roliço sarilho oco;
eco e pingo que acorda
as avencas do poço.
A pedra não tem medo
do gigante cometa
de luz que tremeluz
os astros da noite;
chispa o açude em açoites.
talagarça de tranças;
raiz, rizoma e alcaçuz.
A pedra “no fundo”
tem medo profundo
das flores- de -lótus
de oloroso lodo;
escorço de branco,
cálice de sépalas,
pétalas; que abarca
essência e segredo;
da pedra que afunda.
A pedra não tem medo
do sol que aquece e aflora,
águas dos rios na aurora
dos agrestes da Grécia.
A pedra não tem medo
da estrela azul que aponta,
que a noite é de caça aos
centauros em Tessália;
de Lápitas em lápides.
A pedra não tem medo
da lua cheia que ascende,
laços de ossos que prendem
roliço sarilho oco;
eco e pingo que acorda
as avencas do poço.
A pedra não tem medo
do gigante cometa
de luz que tremeluz
os astros da noite;
chispa o açude em açoites.
talagarça de tranças;
raiz, rizoma e alcaçuz.
A pedra “no fundo”
tem medo profundo
das flores- de -lótus
de oloroso lodo;
escorço de branco,
cálice de sépalas,
pétalas; que abarca
essência e segredo;
da pedra que afunda.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
NOVOS CURSOS
A POESIA BRASILEIRA HOJE
Caros, eu e a Andréa Catrópa vamos ministrar o curso A Poesia Brasileira Hoje, na Casa das Rosas, entre os dias 09 de março e 29 de abril. O curso será às terças e quintas, das 19h às 22h, e visa apresentar as principais tendências estéticas da poesia brasileira desenvolvidas entre as décadas de 1950 e 2000, como a Poesia Concreta, o Tropicalismo, a Poesia Marginal, o Minimalismo e o Neobarroco. Para isso, serão comentados autores e obras representativos de cada tendência, ressaltando suas temáticas recorrentes e procedimentos formais específicos. O curso abordará ainda questões teórico-conceituais abrangentes, como a crise do conceito de vanguarda, após o eclipse dos projetos sociais utópicos, e a pluralidade de projetos literários possíveis, dentro do momento que Haroldo de Campos chamou de “pós-utópico”. Informações pelo tel. 3285.6986.
LABORATÓRIO DE CRIAÇÃO POÉTICA (I)
O Laboratório de Criação Poética é um programa elaborado com o objetivo de apresentar conceitos teóricos sobre a poesia e desenvolver exercícios práticos de criação. Um módulo básico do curso, com duração de dois meses, entre 03 de março e 30 de abril, será realizado na Biblioteca São Paulo, localizada na avenida Cruzeiro do Sul, 2.630, com acesso pelo Metrô Carandiru.. As aulas acontecerão às quartas-feiras, das 19 às 21h. Informações pelo tel. 2089 0800, ramal 219
LABORATÓRIO DE CRIAÇÃO POÉTICA (II)
Para quem já fez o curso básico do Laboratório (módulos 1 e 2) na Casa das Rosas, existe a opção de continuar o curso aos sábados, na rua Indiana, 238, Brooklin Novo, a partir da segunda semana de março. Quem tiver interesse em participar, pode enviar um e-mail para claudio.dan@gmail.com.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XIX)
RITMO DA AUSÊNCIA
Verdes janelas saltam horizontes
arejando o abstrato
com planos jazzísticos.
Feixes de sons
se entrelaçam
na luz branca
repercutida de faces.
A mente em tumulto,
caminho no ritmo
das cores ausentes
para relaxar a dor.
(Poema de Marcela Cividanes)
* * *
SEM TÍTULO
I
Ele é um homem
que arrasta os dedos
nos bolsos
Guarda violinos
nas costas
Perfura subterrâneos
de desordem
Descansa em casas
vazias
Constrói vitrais
no mar
Oferece minuetos
aos pés
Percorre a via férrea
da velhice
E jura a vida
diante da rocha.
II
Circularmente
as lâminas resvalam o maxilar
Há dias carcomidos
em que o esqueleto
não suporta o mais leve
sobressalto
Há dias
em que o sol é uma úlcera
cerrando os olhos
E o abismo um feixe
de âmbar e sal
É o homem
que apunhala as raízes
dos cadáveres
Não há retorno
Você
Fratura o percurso ígneo
da noite taciturna de braços em riste.
Recriando
os oceanos dos cabelos dos loucos.
(Poema de Ariane)
* * *
METAMORFOSE MODERNA
Estou à deriva. Mediocridade é a bóia que me mantém nivelada com o correto. Uma bússola maniqueísta. O conforto deu-me olhar de boneca: deito – fecho; levanto-abro. Meus pés derreteram. Estou presa, fundidaolátex. Inflada de pesados conceitos. De carne e fundo são feitos os espelhos que flutuam à minha volta. Um alívio estar entre meus semelhantes. Produtos de uma linha industrial. Tenho umbigo na alma, foi lá que injetaram suas imagens de perfeição.
(Poema de Bárbara do Amaral)
* * *
Rum. Nenhuma idéia. Nenhuma nota de rodapé. Almejava a criatividade ácida dos cristáceos. Do-Ré-Mi-Fantasias robóticas. O narrador se foi. “É você o próximo?” Redacionava o mal-me-querubim maldito de sorriso dobrado. Luz, câmara, “ação Benedito que me acuda!”. Status-quociente azul. Será afinal que
quem
cala
con-
sente
sorte?
(Poema de Priscila Gusmão)
* * *
Verdes janelas saltam horizontes
arejando o abstrato
com planos jazzísticos.
Feixes de sons
se entrelaçam
na luz branca
repercutida de faces.
A mente em tumulto,
caminho no ritmo
das cores ausentes
para relaxar a dor.
(Poema de Marcela Cividanes)
* * *
SEM TÍTULO
I
Ele é um homem
que arrasta os dedos
nos bolsos
Guarda violinos
nas costas
Perfura subterrâneos
de desordem
Descansa em casas
vazias
Constrói vitrais
no mar
Oferece minuetos
aos pés
Percorre a via férrea
da velhice
E jura a vida
diante da rocha.
II
Circularmente
as lâminas resvalam o maxilar
Há dias carcomidos
em que o esqueleto
não suporta o mais leve
sobressalto
Há dias
em que o sol é uma úlcera
cerrando os olhos
E o abismo um feixe
de âmbar e sal
É o homem
que apunhala as raízes
dos cadáveres
Não há retorno
Você
Fratura o percurso ígneo
da noite taciturna de braços em riste.
Recriando
os oceanos dos cabelos dos loucos.
(Poema de Ariane)
* * *
METAMORFOSE MODERNA
Estou à deriva. Mediocridade é a bóia que me mantém nivelada com o correto. Uma bússola maniqueísta. O conforto deu-me olhar de boneca: deito – fecho; levanto-abro. Meus pés derreteram. Estou presa, fundidaolátex. Inflada de pesados conceitos. De carne e fundo são feitos os espelhos que flutuam à minha volta. Um alívio estar entre meus semelhantes. Produtos de uma linha industrial. Tenho umbigo na alma, foi lá que injetaram suas imagens de perfeição.
(Poema de Bárbara do Amaral)
* * *
Rum. Nenhuma idéia. Nenhuma nota de rodapé. Almejava a criatividade ácida dos cristáceos. Do-Ré-Mi-Fantasias robóticas. O narrador se foi. “É você o próximo?” Redacionava o mal-me-querubim maldito de sorriso dobrado. Luz, câmara, “ação Benedito que me acuda!”. Status-quociente azul. Será afinal que
quem
cala
con-
sente
sorte?
(Poema de Priscila Gusmão)
* * *
ONÍRICO
Ondas entigrecidas
Na maré montante
Dragões conduzem
Encavalados
A estraçalhar estrelas
E transformá-las
Nas franjas irregulares
Do mar de erínias,
A acordar medusas
Escatológicas,
E anêmonas cristalizadas,
E seres abissais
Em bramidos vãos,
Clivagens de ondinas.
Das paisagens profundas.
E gemidos de sereias
Metamores protelados.
Emerge Calipso,
Vestida de diamantes
Sedutora de Tritão,
Raptor de mulheres.
(Poema de Dóli de Castro Ferreira)
Ondas entigrecidas
Na maré montante
Dragões conduzem
Encavalados
A estraçalhar estrelas
E transformá-las
Nas franjas irregulares
Do mar de erínias,
A acordar medusas
Escatológicas,
E anêmonas cristalizadas,
E seres abissais
Em bramidos vãos,
Clivagens de ondinas.
Das paisagens profundas.
E gemidos de sereias
Metamores protelados.
Emerge Calipso,
Vestida de diamantes
Sedutora de Tritão,
Raptor de mulheres.
(Poema de Dóli de Castro Ferreira)
SEM NOME
cometa de muda incandescência, sou um risco obscuro dentro da noite. nos lugares onde brilhei, os nomes recebidos no instante de minha aparição, não quer dizer senão que não me viram.
* * *
a dor pedia líquido à carne, mas seca, ela só pôde oferecer areia àquela que tinha sede.
* * *
a mulher olha a chuva como quem fosse. cada gota era uma dor molhada da sua carne. como quem ela anda anda. passos incertos. pisa em chãos que abismam passos. sua pele some na carne. ela entra em si a cada passo.
(caminhos do dentro)
o escuro a acalanta e pergunta por quê triste — em escuro a resposta:
“se o que nos origina nos é carne, qual é a origem de uma carne que só se sabe dentro de um centro que não pele?”
o escuro a envolve ainda mais. a carne como a chuva se faz gotas que a carrega.
(Poemas do Diogo)
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
SARAU DO LABORATÓRIO (XVIII)
PASTAGEM
Grama, capim, comida,
Trincada pelos dentes
De ruminantes angustiados.
Folhas sumidas, rasgadas, feridas,
A duros cascos, maceradas.
(Poema de Celso Vegro)
039
No trânsito
parado
das terríveis
cidades
o tráfico
é o único
que anda
mesmo na contramão.
(Poema de Fabiano Garcez)
Grama, capim, comida,
Trincada pelos dentes
De ruminantes angustiados.
Folhas sumidas, rasgadas, feridas,
A duros cascos, maceradas.
(Poema de Celso Vegro)
039
No trânsito
parado
das terríveis
cidades
o tráfico
é o único
que anda
mesmo na contramão.
(Poema de Fabiano Garcez)
SARAU DO LABORATÓRIO (XVII)
NÉVOA-NADA
quando vi a sombra de teu rosto, meu corpo em flecha arqueou à possibilidade do outro e se lançou no abismo de um encontro. num átimo de chegar ao toque, a possibilidade mostrou-se névoa e eu inifinitava profundezas com a imagem ainda do sorriso extinto.
- ENTRE
habitante de uma terra alicerçada por abismos, caminho a passos incertos de amanhã: cada passo pode parir uma morte. guiado pela vertigem, ergo ruínas que caibam meus pés, compassadamente. o caminho nasce no entre-do-pé-com-o-nada.
(Dois poemas em prosa breves do Diogo.)
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
BIBLIOGRAFIA DO CURSO NA CASA DAS ROSAS
LAUTRÉAMONT: Obra completa (Os cantos de Maldoror, Poesias, Cartas). Trad.: Claudio Willer. São Paulo: Iluminuras, 1997.
MALLARMÉ, Stéphane. Mallarmé. Trad.: Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari. São Paulo, Perspectiva, 1980.
MALLARMÉ, Stéphane. Igitur ou A loucura de Elbehnon. Trad.: José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
MALLARMÉ, Stéphane. Poemas. Trad.: José Lino Grunewald. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
MALLARMÉ, Stéphane. Brinde fúnebre e outros poemas. Trad.: Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007.
PAZ, Octavio. Signos em rotação. São Paulo: Perspectiva, 1996.
MOISÉS, Leyla Perrone. Lautréamont. Vulgo Ducasse, aliás Maldoror. São Paulo: Brasiliense, 1984.
POE, Edgar Allan. Poemas e ensaios. Trad.: Oscar Mendes. São Paulo: Globo, 1999.
RIMBAUD, Jean-Arthur. Uma temporada no inferno & Iluminações. Trad.: Ledo Ivo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982.
RIMBAUD, Jean-Arthur. Rimbaud livre. Trad.: Augusto de Campos. São Paulo: Perspectiva, 1992.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Um estímulo à imaginação e à criatividade pelo trabalho poético, módulo 2
Curso ministrado pelo poeta Claudio Daniel, que abordará as novas formas de criação poética surgidas a partir da crise do verso clássico, no final do século XIX, como o verso livre, o poema em prosa, o poema espacial, a escrita automática e as “palavras em liberdade”. Serão abordados autores como Walt Whitman (Folhas da Relva), Artur Rimbaud (Uma Temporada no Inferno), Lautréamont (Cantos de Maldoror), Mallarmé (Igitur e Um Lance de Dados), entre outros textos e autores. Além das discussões teóricas, apoiadas na leitura e estudo das obras indicadas, haverá exercícios de criação para os alunos, que serão motivados a escrever poemas em verso livre ou poemas em prosa para discussão em sala de aula.
Dias 13, 20 e 27 de janeiro, das 19 às 22h, na Casa das Rosas, Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, na Avenida Paulista, n. 37, próximo à estação Brigadeiro do metrô.
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