A palavra, essa coisa verdade-mentira que nos abraça, nos impõe, nos consome. A palavra nos avisa, mas também nos engana. E a palavra ficção sempre desdiz o que acabou de dizer. A palavra catástrofe-esperança, o maior mal da humanidade. A palavra desejo é molhada, possui alas e cauda para nadar contra seu próprio rio. A palavra mulher mana da carne um beijo, uma música, um sorriso, ou uma flecha de sangue. Sempre é palavra decisão. A palavra escolha, testemunha da realidade que provavelmente não somos. A palavra cigarra, um zunido-melodia que lá longe nos avisa da morte. A palavra que procura seus disfarces, junto ao fogo, ao ventre, a beleza e a certeza do solstício. A palavra retorno, de um sol que se aproxima, um equador que inflama e que traz o quente vapor daquilo que é por fim o ideal - a poesia.
Texto de Grazi Brum
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