Matéria do sonho
Chão vermelho,
Desterro,
Rastro de memória
de um sonho esquecido (querido)
Na noite infans
Terra quente
Fértil de lembranças,
Insígnias,
Já não mais existência
Traço, ausência.
(setembro de 2009)
Mamateridade
Pés de lixa
Acariciam
O sono
Cheiro de fêmea
Guardado
Para poucos
- Exala....
Leite mina
E invade a fome
Espirram células
Que farão
Parte de mim
Marcas uma alma
Que se tornará
Clara,
Achatada,
Sem lembranças.
Tocas o que se perdeu
Na memória incompreensível
Guardas no corpo
Aquilo que já fui um dia
Sem saber da existência
Banha-me,
Raivosa,
Deixa escapar
Me tornas o que és
Me entornas
Com teu corpo.
(outubro de 2009)
Restos
Gemidos lambem
a memória
Teria sido real?
Cortinas camuflam
o tempo
Passagem para onde?
Espaços estihaçados
pela impermanência
Caminho para a dissolução?
Trincas no futuro
Reformas no presente
Ponte sobre um
rio?
* * *
A lua me invade com o seu grande olho
Entra e explode meus ossos
Joga com as horas
E me acompanha por dentro
Quando fui outra
Tornei-me meia
Inteira
Dúzia
Cheia
Mingua seu jorro
Suor sobre mim
Mistura matéria à espada
Histórias que vê e esconde
Quando fui eu
Serenei-me farta
Longa
Deusa
Nova.
Irradia seu dragão
Lança chama nos fantasmas
Luz ofusca breu
E insiste em se repetir
(outubro de 2009)
(Poemas inéditos de Fabíola Ramon)
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
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