segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Damascos




Fervilhante de abóbodas
Metáfora do próprio fruto circular
Adentro-te, mesquita jasmim
Roteio-te
Miro tuas pilastras azul marinho
O espaço diáfano coral
Ornamentos, mil constelações do mar
Rumando a passos vermelhos
Em oração, orientada para mihrab
Observo teu domo
Face encarnada do sol
Que se funde
Cerzida em brancos fios de seda
Tão rotunda
Ao luar.


(Poema de Shirleide Valença de Lima)

Pelos Estreitos e Crateras do Labirinto




o Propósito

penetrar a garganta da metrópole
com tempo e destino certo
deixar a tempestade para trás
um alívio a princípio
e logo vencer o desafio
em labirinto de estreitos e crateras
ignorar os atritos entre corpos
chegar a um e outo veio de ferro
disputar bolhas de aço
vencer uma e outra cratera
alcançar o alvo

o Desafio

andarilho em estreito labirinto
esgueira-se entre os humanos
guiado por calcanhares de tênis e saltos
sobre forte pressão
a muralha ambulante
provoca cegueira
tateia a cratera
supera bolhas de longa metragem
bombeando sangue vivo
até explodir em outras crateras
jorro e sugação a cada paragem
e de novo andarilho na muralha ambulante
enfrenta as armadilhas do caldeirão andarilho

o sangue pulsa na última bolha preste a explodir
não por acaso seu destino

o Enigma

interpretar os sinais do labirinto
dezenas de signos mal decifrados
nesta teia toda urdida
conduzem a rumos diversos
rende-se andarilho andarilho andarilho
andarilho em labirinto de estreitos e crateras
à procura do seu destino
com propósito entre tantos desencontros
supera a saída conectada por ícone
de um porvir
decodificado na paisagem

o negrume o negrume o negrume
o negrume aqui fora abraça a metrópole
e a tempestade não para de dar chibatadas
(Poema de Maria Alice de Vasconcelos - S. Paulo, 05/2013)

Partidário II




Merengueava palavras
Eufórico
Apetite grandiloquente
Vontade de apalpar
O labirinto da linguagem
De tudo
O humano
É incansavelmente
Otimista

(Poema de Shirleide Valença de Lima)

Triângulos em obscuro desencanto



no canto da parede
roda tri raios

ípsilon

a forma em ângulos
num só corpo circular

mastro de base firme
sustenta a estrutura

sobre ela
triângulos encamisados
um único nu
na arara cheia
sem grifes
no ângulo da parede
sem grifes
na estrutura circular
um único nu
triângulos encamisados
sobre ela

sustenta a estrutura
mastro de base firme

num só corpo circular
a forma em ângulos

ípsilon 

roda tri raios 
no canto da parede                                                                     

ângulos em quase completo desencanto


(Poema de Maria Alice de Vasconcelos – S. Paulo, 06/2013)