quinta-feira, 30 de maio de 2013

Marcha Fúnebre










             I
               
Pensamentos fósseis


Cortejam desejos esqueléticos


             II

Sombras de húmus bailam


Sobre os ossos do dia que se vai


              III

Máscara de silêncio para a noite


Que chega com leões dourados


               IV
                     
A vértebra do horizonte cinza


Rompida pela insensatez


                V

Crânios da virtude exumada


Pela pélvis da verdade


                VI

A finitude está infiltrada:


Na célula de toda escrita


E no átomo do texto senil


(Poema de Charles Gentil)


O Apocalipse do Scrum

















Flexion

Primeiras linhas do rugby
Os sindicatos da placagem
E onde menos altura que largura
Onde tanta quilogramagem
Quanta musculatura

Touché

Números 1 2 e 3 às costas
Pilares de carne de pescoço e osso
Contra pilares de osso duro
Duro de roer e carne
Talonador versus talonador

Stop

Frente a frente dois trios
Ou dois trios frente a frente
Um polinésio e um caucasiano
Pois aquele de tonganeses
E este de georgianos

Entré

Prontos para o colapso
Cabeças ombros braços troncos
Quais dentes de rodas d’engrenagem
Uns por entre os outros a
Ruir ao se endentarem

(Poema de Fabrício Slaviero)

Éter















Éolo
segreda o vento
em plena
aurora boreal
fantasia
cores ondulatórias
bolina o horizonte
afair magnético

(Poema de Shirleide Valença de Lima)

Foto: Rio Negro, AM – Christian Dimitrius

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Nas ondulações do labirinto



















âncora presa à amarra
corroída pelo tempo
nervos retesos na  âncora
ao limite do peso
nas artérias das águas
zéfiro ondula o  rosto
difícil decodifica-lo

como um poema conciso
na página aberta
num labirinto de palavras
aprisionando o leitor

ou num jogo de
“xadrez chinês”
no tabuleiro
uma linha central de quadrados
divide os dois lados
arma-se o desafio
nas ondulações do labirinto

estratégia e estilo
no jogo de alegorias
disputa pelo
domínio da linguagem

na intersecção das linhas
peça impõe movimento
que não decifro

imperador ou general?
dentro do palácio
prevê o xeque-mate

jogada impossível
general intervém
no quase afogado do jogo

(Poema de Maria Alice de Vasconcelos)