o Propósito
penetrar a garganta da metrópole 
com tempo e destino certo
deixar a tempestade para trás 
um alívio a princípio
e logo vencer o desafio
em labirinto de estreitos e crateras
ignorar os atritos entre corpos 
chegar a um e outo veio de ferro
disputar bolhas de aço
vencer uma e outra cratera
alcançar o alvo
o Desafio
andarilho em estreito labirinto
esgueira-se entre os humanos
guiado por calcanhares de tênis e saltos
sobre forte pressão 
a muralha ambulante 
provoca cegueira
tateia a cratera 
supera bolhas de longa metragem 
bombeando sangue vivo 
até explodir em outras crateras
jorro e sugação a cada paragem 
e de novo andarilho na muralha ambulante
enfrenta as armadilhas do caldeirão andarilho
o sangue pulsa na última bolha preste a
explodir 
não por acaso seu destino
o Enigma
interpretar os sinais do labirinto 
dezenas de signos mal decifrados
nesta teia toda urdida
conduzem a rumos diversos
rende-se andarilho andarilho andarilho
andarilho em labirinto de estreitos e crateras
à procura do seu destino 
com propósito entre tantos desencontros
supera a saída conectada por ícone
de um porvir
decodificado na paisagem
o negrume o negrume o negrume 
o negrume aqui fora abraça a metrópole 
e a tempestade não para de dar chibatadas
(Poema de Maria
Alice de Vasconcelos - S. Paulo, 05/2013)