quinta-feira, 29 de março de 2012

vi-me









xaxará, o corpo de vime

xaxará, o peso da palha

xaxará, um rebento Kinlê


e a pele a pele a pele


pelando no fogo de Oyá

amarga nas ervas de Ewê

arranca as feridas, pai


ki pembê ki pembê ki pembê


as ramas viçosas

ventosas calcâneo

os ísquios soltando nos banhos


o dendê o dendê o dendê


atotô, Obaluaê


a goma do azê a areia o milho

a lisura delgada do velho menino

Kinlê na-se-cura no Arê


guerreiro nupê

Xapanã desveste

a palha a palha a palha


vestido desfeito Kinlê é rebento andando o mundo


Atotô!

(Poema de Silvia Nogueira - Ventre de silêncios velhos)

Nenhum comentário:

Postar um comentário