sexta-feira, 15 de junho de 2012




















As  guelras do mar
Não cantam ao Sol
Áridos fragmentos
Rastros e farpas

Harpa na areia

Pássaros na torre
Rangem na sombra
Sombra na sombra.

Não há calendário
Nem rastro nem sombra
Nem carpas  nem farpas

Harpa surda.

(Poema de Maria Fátima)

Foto: João Carlo (Portugal)


Mosaico Policromo



vi                                                                                                                    
a textura do teu corpo                    
o teu corpo formatando-se                           
                                                     
li
as reticências                                  
no sangue policromo da pena           

havia                                              

índices nos espaços em branco          
                                                      
ouvi                                                


pegadas ondulantes do teu salto        

agulha                                             

converter-se                                    

arte                                                 

à meia noite
à meia luz
entre um e outro toque

ao leve toque

lapidando pedras:
brancas, azuis, verdes, rubras, negras

mosaico policromo

peças justapostas
tecem na pele a partitura

cálculo em medida polimétrica

provocativo na forma
prudente no ritmo

forma e ritmo

envide de som e imagem
nas vértebras do pensamento
polido no verbo:

ao leve toque

ouve-se

camadas

no tempo

            
(Poema de Maria Alice de Vasconcelos)
 

   



quinta-feira, 26 de abril de 2012

Porta Bang-Bang à italiana





























É de um Par de Venezas o vaivém da Porta Bang-Bang à 

italiana;
lenhoso abre-fecha de uma Boca horizontalizada que, com a 
bangue-banguela sua Arcada palhetal, volta-se voraz aos “maus
modos” do engolir — não sem depois mastigá-los qual Naco de

Fumo ensalivado por desdentada Bocarra — e cuspir — não sem
antes ruminá-los qual Masca de Tabaco encatarrado por desde-
nhosa Bocaça — os Pistoleiros hispano-americanos, e seus
xilóides Bandolins em Dó maior, — Maior, pois d’auto-piedoso
Tom; os Bandoleiros américo-hispânicos, e seus metálicos
Pistões em Sol menor, — Menor, pois já a se por no desértico
Horizonte andaluz.


(Poema de Fabrício Slaviero)
Foto: Marcela C. Gallic

Ruínas
















Fiz-me ruínas,
cacos e restos solapados
sem hipótese de reparo.

Desemoldurada ilusão,
movediça e traiçoeira,
rebentou monocromática
num caimento sem vestígio.

Derrisão cega, anômala,
em forma de chaga,
estampa farrapos
de carne ensandecida.
(Poema de Celso Vegro)
C.V.
mar./doze












Hábil, e felina,filha de um sarcófago
rubro ovo da serpente,fogo na imagem invertida
alma perdida,cabra que não é cobra
só um mata-borrão anoréxico.

Escabrosa vingança satirica,
pirâmides de pedras,uma máscara azeda
desafiando o pinheiro crescendo
vermelho na colina
(Poema de Dora Dimolitsas)



sábado, 14 de abril de 2012

Dos Novos Paradigmas









O pensamento intumescido

Em macieiras de conceitos

Ereção de conjecturas

Em hipotenusas de libido

O ângulo reto do reto

Na tesa intersecção da tese

O coito da incógnita

Pelo falo do fundamento

O abstrato rígido

Na curva circular da ideia

A hipótese viril nas linhas

Perpendiculares do desejo

Ejaculação ( precoce )

De novos paradigmas

(Poema de Charles Gentil)


Imagem de Gus Takatori

Mãos



Mãos que falam,

rostos sem boca.

Carpo, metacarpo,

carne viva de barro.

Da secura da boca:

mão em punho,

mão de ferro.

O olho não vê a voz

que guarda a ideia

fixa na memória.

O olho não escuta a mão,

aprisiona-a na ferida,

(Poema de Gislaine Goulart)