terça-feira, 26 de maio de 2009

SARAU DO LABORATÓRIO (I)

1.
caminhando uma vez encontrei um cheiro bem doce, um silêncio quente de melão. O som de cortar, rachar um melão é bem reconhecível, como um uivo ou gemido. {Aluar

a pele tem tons esverdeados de melão, no verão todo a noite a pele é bem doce. o som da terra dormindo. {uma lua
tão aberta me lembro este dia. uma mancha linda e desfocada, leite de tigre. dissolvida no breu sem constelação alguma,
{aroma um entre um instante e outro


________________________________________________________


2.
o gosto de um cogumelo é um gosto de lama, madeira e chuva. envergonhado ou simplesmente fugidio, se revela no vapor.
Imagino se depois de uma chuva-
murmurar de verão a floresta cheira a sopa.
{claro que não
(uma vez vi um gato subir uma árvore e cair dum galho velho e quebrado, sem se machucar, a língua lilás lambeu a alma que tentou escapar-lhe pelo nariz.)


(Poemas de Bruno Trochmann)

Um comentário:

  1. Quando meus olhos caminharam por esses terrenos cardíacos, percebi que minha voz ouvia relãmpagos no sertão, repleto de vinhedos de sonhos açucarados de paz.
    O gato que é gato quando cai, vira camelo.
    Desculpe a brincadeira, Bruno. Gostei imensamente do seu poema. Abs, Robertson

    ResponderExcluir