domingo, 24 de maio de 2009

POESIA DOS QUATRO CANTOS: COREIA

O Sijô é uma forma poética de origem coreana, composta de três versos que contam 45 sílabas. Em sua origem, o sijô era um poema cantado; com o tempo, porém, passou a ser uma composição escrita. Entre os séculos XIII e XIV, o gênero chegou ao seu apogeu, com autores como Yi Jo-nyón e Kir Je, mas foi praticado até meados do século XIX. Sua temática, em geral, está relacionada com a ideologia confuciana, mas também há peças líricas e religiosas. Estima-se que cerca de 3.500 sijôs tenham chegado à era moderna, em várias compilações. No Brasil, Alberto Marsicano e Yun Jung Im traduziram vários sijôs, reunidos na antologia Sijô, poesiacanto coreana clássica (São Paulo: Iluminuras, 1994). Confiram abaixo alguns poemas:



A cordilheira
longa longa
As águas
longe longe

Saudades
de meus pais
tanta tanta
funda funda

De algum lugar ouço uma garça
voar sozinha
em prantos prantos

(Poema de Yun Són-do, 1587-1671)

* * *

Se é negro
dizem branco
Se é branco
dizem negro

Negro
ou branco
quem afinal
concorda?

Fecho os olhos, tapo os ouvidos
e não quero mais
saber disso!

(Poema de Kim Su-jang, 1690-?)


* * *

Um cego carrega
outro nas costas
Pés sem meia
tamancos sem salto

Juntos atravessam
a ponte de tronco podre

Um Buda de pedra sob a ponte
dá uma bela
gargalhada

(Autor anônimo)


Traduções: Yun Jung Im e Alberto Marsicano

2 comentários:

  1. Olá Claudio. Tomei conhecimento do seu blog pela Espelunca do Ademir Assunção. Gostei muito daqui e gostaria de poder referenciá-lo em meu blog. Me permite?
    Grande abraço.

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  2. Caro Fred, seja bem-vindo! Claro, você pode incluir o a página do Laboratório em teu blog, sim. Abraço do

    Claudio

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